terça-feira, 28 de outubro de 2014

O tempo todo




o cordel do tempo atado em nós
e em cada nó um sobressalto
um sopro um murmúrio um grito e
depois o silêncio o silêncio ruidoso dos gestos
temperados a gosto em agosto Senhor e
tem chovido apesar do equinócio tem chovido e há
enxurradas cirúrgicas que desabam
um pouco por todo o lado
dos olhos globais da terra
para o céu interior
dos nomes


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Maria Teresa Horta (Poema sobre a recusa)


Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos
meus dedos
se ter formado o afago
Sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda

( Maria Teresa Horta -  "Minha Senhora de Mim")