|
(António Dacosta) |
É veloz a tua voz quando
te calas no
silêncio
ruidoso dos gestos, como se
todas as ilhas de súbito
se afundassem
nos mares do mundo.
Na sala de espera das viagens
procuras o bilhete de ida e
volta que atiraste para o
fundo da mala, da alma
e não encontras,
procuras e não
encontras.
Afundas as mãos mala dentro,
alma dentro e,
entre os objectos, apenas
o pequeno espelho
por onde olhas todas as manhãs
para limpar o rosto de sinais
te vem ás mãos.
Resignas-te à falta, enquanto
gritas
surdamente e
caminhas rapidíssima pelos dias
com a folha da memória
gravada no lugar
do coração.