quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

é veloz a tua voz quando te calas no silêncio

(António Dacosta)

É veloz a tua voz quando
te calas no silêncio
ruidoso dos gestos, como se
todas as ilhas de súbito
se afundassem
nos mares do mundo.

Na sala de espera das viagens
procuras o bilhete de ida e
volta que atiraste para o
fundo da mala, da alma
e não encontras,
procuras e não encontras.

Afundas as mãos mala dentro,
alma dentro e,
entre os objectos, apenas
o pequeno espelho
por onde olhas todas as manhãs
para limpar o rosto de sinais
te vem ás mãos.

Resignas-te à falta, enquanto
gritas surdamente e
caminhas rapidíssima pelos dias
com a folha da memória
gravada no lugar
do coração.