domingo, 5 de maio de 2013

Almada Negreiros (Confidências)


Mãe!

Em cima das estátuas está o verbo ganhar, Mãe! será para mim?
Quando passo pelas estátuas fico parado. A olhar para cima das estátuas. Fico parado a subir. Não sei quem me agarra para me levantar ao ar. Agarram-me por debaixo dos braços para me levantar ao ar. Para eu ver o verbo ganhar em cima das estátuas. 
(...)

Mãe!

Vem ouvir a minha cabeça a contar historias ricas que ainda não viajei. Traz tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!
(...)

Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!

(...)

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Quando tu passas a tua mão pela minha cabeça é tudo tão verdade!